Montag, 11. April 2016

O homem bom

Contexto onde se passa a história: alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial e desenrolar de um período da guerra.




Ele é professor universitário e vê como sua única chance de crescimento profissional, filiar-se ao partido. Após resistência interna ele acaba aderindo ao partido e encara isso como parte de seu trabalho sem conhecer as reais implicações que isso podem ter.

Ele passa por anos de crescimento na profissão e em seu papel dentro do partido. Um amigo judeu pede ajuda para sair do país, mais de uma vez e em várias ele o convence de que não há necessidade disso. No fundo ele não está a par do andar da carruagem.

Durante um grande ato contra os judeus o amigo some e ele não sabe se ele foi preso, morto ou fugiu. Com  o passar dos anos e a subida nos degraus da escada corporativa ele tem a possibilidade de acessar os arquivos da Gestapo que tratam e procura os registros referentes à seu amigo. Localiza o campo de concentração para o qual ele foi enviado e vai até lá na esperança de encontrá-lo.


O que fiquei pensando depois do filme foi justamente sobre esta questão da consequência dos atos. Ao decidir se filiar ao partido não por convicção, mas por desejo de crescimento profissional ou pelo menos de manutenção do emprego ele não sabia o quanto ele acabaria se envolvendo, ele não sabia quão grande era o motor do qual ele era uma engrenagem que ajudava a funcionar. 

Quantas decisões nós somos levados a tomar ou ações a executar com as quais não concordamos ou desconhecemos todas as consequências?  Quantas vezes somos obrigados a lembrar daquela música do Chico Buarque que diz: "se a sentença se a anuncia bruta, mais que depressa a mão cega executa, pois que senão o coração perdoa" ou ainda da mesma música "se trago as mãos distantes do meu peito, é que há distância entre intenção e gesto"

Ele era bom, ele não ficou menos bom pelos atos que praticou e ele provoca a reflexão certo e errado que a Karin já trouxe outro dia aqui. A frase da capa é diálogo do filme e pode ser pensada em vários contextos: O que faz as pessoas felizes não pode ser ruim, pode?

Ando muito focada nesta questão de causa e consequência ultimamente e acho que ando falando demais também. Chico Buarque também pode explicar isso (e na mesma música coincidentemente): "Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo."

3 Kommentare:

  1. Como vc falou, o tema da culpa já foi trazido em um dos meus posts e portanto, sim é um tema que eu acho bem interessante e também acho que vale a pena refletir mais sobre. Cada um tem seu jeito de lidar com a culpa (algo que todos em algum momento já experenciamos) e dentre as muitas possibilidades a minha no momento é essa (pelo menos em teoria, já que colocar uma idéia assim em prática exige muito treino e consequentemente tempo).

    Resumindo seria: As escolhas que eu faҫo (e tudo o que faҫo são escolhas) são minha responsabilidade (e não minha culpa). E eu devo assumir a responsabilidade por elas.

    A primeira parte, de ver que tudo são escolhas eu já quase se tornou um ato normal.
    Tipo: Estou fazendo arroz e toca a campainha. Eu atendo a porta e fico discutindo com o pedinte. Equanto isso o arroz queima.
    Primeira reaҫão: O cara que tocou a campainha me fez sair da cozinha, não aceitou meu não e me prendeu na porta e o arroz queimou por culpa dele.
    Mas prefiro olhar de outro jeito para a situaҫão. Eu escolho deixar a panela de arroz no forno e atender a porta (poderia não atender). Eu escolho falar com o pedinte (poderia ter batido a porta na cara dele). Eu escolho continuar falando com o pedinte e deixar a panela no forno (poderia ter desligado o forno antes de atender a porta). Ou seja, eu fiz a escolha (mesmo que inconciente) de deixar a panela no fogão e deixar o arroz queimar.

    A próxima parte, de não julgar essa escolha, ou seja de não colocar culpa, de não me julgar incompetente de fazer arroz,... essa ainda vai levar tempo.

    E a última de não só na teoria saber que foi a minha escolha que deixou o arroz queimar, mas também assumir essa responsabilidade -> também ainda longe de conseguir fazer isso.

    Não assisti ao filme comentado, mas olhando por esse lado duas idéias me vem de imediato:
    - A responsabilidade de falar para o amigo que não iria ter problemas é dele. Não estar a par do que está acontecendo também. A responsabilidade da prisão e de mandar o amigo para o campo de concentraҫão é de quem fez isso. Ou seja, vale a pena olhar com cuidado quais atos são responsabilidade de quem e não misturar.
    - E quanto à pergunta: O que faz as pessoas felizes não pode ser ruim, pode? – cada um tem um conceito de bom e de ruim, um conceito de feliz, então ao meu ver impossível de responder antes de definir isso detalhadamente.


    E quanto a falar demais. Se for sobre temas interessantes, pode mandar bala.

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    1. Do fim para o começo: não dê asa à cobra me deixando falar demais =D

      Acho que o que faltou eu comentar no texto e que aparece na relação dele com o amigo é a questão do controle. Parte dos acontecimentos estavam fora da esfera de controle dele, é justo julgar a bondade pelo que está fora de controle? Em um modo mais amplo é justo julgar a bondade? Ampliando mais ainda: julgar?

      Meu cérebro anda fritando ultimamente, mas acho que tudo isto pode ser resumido em viver e deixar viver.

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  2. Entao somos duas para falar demais ;-)

    Eu tb ando pensando bastante sobre o julgar. Devemos ou nao faze-lo? E quando? Como?.... Algumas das tentativas de respostas da minha parte sao: Julgar os atos nao as pessoas. Mas aí vem a pergunta, nao sao os atos que definem uma pessoa?
    Um truque que no momento funciona bem para mim é sempre quando vou julgar, comecar a frase por: na minha opiniao, xy é bom/ruim.... Assim fica claro que nao é a coisa em si que tem valor, mas que o valor quem coloca sou eu.

    E o seu resumo (que eu tb já adotei, desadotei, adotei....) me deixa em dúvida, mas se o que o outro faz é totalmente contra os meus valores, como posso deixar ele viver e continuar? ô perguntinhas difíceis. Mas acho que sao elas que valem a pena ser refletidas e que fazem a vida ser interessante.

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