Este é um dos muitos livros que me escolheu em uma ida a biblioteca. Lá tem uma prateleira com as novidades ou quando não tem novidades ela é temática. 99% das vezes que eu vou à biblioteca eu saio com algo desta prateleira e além do livro que eu fui lá buscar. Alguns não foram boas surpresas, outros foram incríveis e já li coleções inteiras de um mesmo autor por conta desta prateleira mágica.
Este foi uma ótima companhia.
O livro é contado por duas vozes, Loredana a voz feminina, Anita, Marco a masculina, Miguel. Uma biografia que se permite virar romance, um romance baseado em biografia? Miguel, apaixonado por Anita, desde que ela era apenas Ana, seu nome de batismo (tornou-se Anita após conhecer Giuseppe Garibaldi) intercala os capítulos com os dela, nos possibilitando também a visão dos eventos em que Anita não está presente.
A paixão entre Anita e Giuseppe é avassaladora e faz com que ela abandone um casamento forçado e a cidade onde nasceu, levando o nome de "vadia do pirata" às suas costas. Ela não se importa. Esta feliz, ama Giuseppe, está lutando na guerra por um ideal que acredita e tem ao seu lado Miguel que parte para a guerra com eles.
Uma das cenas que mais me emocionou no livro foi o nascimento do primeiro filho deles. Ela comenta sobre as lembranças de quando o irmão nasceu, um grito da mãe e na sequência a irmã dizendo que tinha nascido o irmão. "Eu o odiei, porque havia feito minha mãe sofrer daquele jeito" A irmã explicou a ela que era normal, que não havia espaço suficiente e a frase mais tocante do momento do parto veio: "Todos temos que encontrar um espaço e para isso fazemos os outros sofrerem? (...) Desde então, estou sempre buscando meu espaço, mas me controlando para não causar sofrimento aos outros"
Outra linda cena transcorre após o falecimento de Rosita. Um escravo liberto por Garibaldi passa a viver com eles e vai junto com Miguel buscar Anita para ficar perto de Garibaldi que estava em batalha. Durante a viagem, que não transcorre bem ele dá a ela a boneca que era da filha dele, também falecida. Uma cena tão linda e delicada, poética e quase à beira da loucura de Anita. Lindo.
A partida para a Itália traz mais dificuldades.
Havia amor entre eles, eles não eram perfeitos, nem como casal, nem como pessoas, mas existia amor.
Deu vontade de ler!
AntwortenLöschenMas só no final do ano..... Aqui nao tem :-(
Quando você estiver lá em casa eu providenciarei!
LöschenOba. Assim tb podemos comentar sobre sem precisar do computador :-)
AntwortenLöschenLi. E comentamos tb ao vivo e a cores. Isso foi bom.
AntwortenLöschenMas se mais alguém quiser saber o que achei, aqui vai minha opiniao sobre o livro:
Anita e Guiseppe Garibaldi sao dois personagens da história de nosso país que fascinam. Principalmente ela. O livro mostrou bem a trajetória dela, gostei de como descreveu o cotidiano, deixando claro como a vida era difícil naquela época.
Eu preferi a parte descrita pelos olhos de Miguel, porque mesmo nao entendendo o "amor" que ele tem por Anita tudo que é descrito e seus atos combinam.
Na parte de Anita, o comeco eu achei bem legal. A partir do momento onde ela encontra Guiseppe, tem várias passagens onde o que ela faz e a maneira como ela é descrita para mim nao combinam (por ex ela é retratada como uma mulher que faz o que acha certo, mesmo se nao condiz com a regra da época. Várias vezes ela aparece falando que gostaria de aprender a ler e várias das pessoas ao redor dela das quais ela gosta e que gostam e respeitam ela sabem - marido, amigo, filho - e mesmo assim ela nao aprende).
Quanto as cenas que vc, Fernanda, descreve. A do escravo muito linda mesmo, só posso concordar.
A outra é mais complicada. Na teoria sim, seria ótimo "achar seu espaco sem causar sofrimento aos outros", só que na minha experiencia isso nem sempre é possível. Muitas vezes o que é certo para mim vai causar sofrimento ao outro simplesmente porque temos opinioes diferentes. Eu mudei a idéia para mim de que quero achar meu espaco e em tudo que faco tento nao causar sofrimento ao outro pelo prazer de ve-lo sofrer. Se o sofrimento de alguém é consequencia dos meus atos que eu creio que sejam necessários para que eu seja fiel a minha mesma, entao eu aceito o sofrimento do outro e sigo em frente.